eu me pergunto quanto dos problemas mentais de hoje é apenas o efeito colateral do sucesso da medicina durante a maior parte da história, a existência foi definida por pressões de seleção física: infecções, fome, lesões. a sobrevivência exigia luta. o significado não era nada mais do que tentar chegar ao próximo mês. aí a medicina se industrializou. antibióticos, vacinas, cirurgia e imagem. problemas que costumavam ser sentenças de morte tornaram-se solucionáveis. a sobrevivência se estendeu e o conforto seguiu mas uma vez que o corpo não é mais o principal problema, a mente se torna a linha de frente. com ameaças externas suprimidas, as pessoas inventam ameaças internas. distúrbios autoimpostos. colapso de identidade, psicoses. patologias de estilo de vida nascidas da abundância em vez da escassez. cérebros programados para lutar contra predadores e fome agora tratam tédio, ansiedade de status e desregulação da dopamina como ameaças existenciais. progresso gera conforto. conforto gera fragilidade. fragilidade gera patologia a medicina pode matar os inimigos externos, mas não pode preencher o vazio que expõe. essa era a função da religião, dar significado ao sofrimento. mas matamos Deus então o vazio metastatizou. a abundância se transformou em neurose. e como a vida é sofrimento, simplesmente engenheiramos novas maneiras de sofrer.